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sábado, 17 de julho de 2010

O louva-deus

O pensamento fugiu! Se precipitando
Em largos e altos, estranhos fossos!
De uma só vez buscou nervoso:
Sem calma, entregue aos instintos,
A voz pregando palavras caladas...
O prazer atroz de um trágico gozo!

Disseste, quando tudo era somente calma,
À brisa clara de uma tarde de Agosto,
Com um sorriso augusto, (triste engano!):
“Tudo acorda! A beleza e o amor
Revigora o canto e os músculos do operário...
Que seja eterna a alegria! Morreria feliz neste momento!”

Poderia nutrir-se apenas com areia,
E se embriagar com a espuma da praia laranja,
Se aquela fortuna de volúpia serena
Durasse com a mesma intensidade de sua paixão
E petrificasse em eterno sua ilusão...
O tempo fosse somente aquela tarde!

Aproveitou pouco! Agora é imenso o seu desgosto!
Agora pragueja, maldiz contra o amor:
Seja o destino do homem enamorado,
O que cego se torna quando abraçado,
Infinita a dor e com espinhos o fosso!

Luíz Carlos de Almeida

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