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sábado, 17 de julho de 2010

Canção da sexta

Quando íamos sem rumo neste dia sonoro
A buscar uma garrafa de onde o vinho sempre descia,
A chuva caindo no solo cheiroso,
As canções já caladas ressuscitavam com alegria.

E se escondendo nas brumas de um Dezembro sombrio
O sol fugia sem rumo, longe do olhar humano,
O vento distorcia com maldade o flanco
De uma arvore soberba que se contorcia.

Enquanto eu, um fantoche sem percepção,
Caminhava irônico a rir dos lavradores.
Vagabundo sarcástico numa cidade ociosa,
Só encontrava alegria nas coisas perigosas! 

Ao erguer da tarde em trevas consumida,
Onde só vemos nos países de clima temperado,
Grandes símbolos no céu se erguiam
Para as visões de meu cérebro encharcado de destilado.

Os vultos, os clarões, as naves e os incensos,
Dançavam em um ritmo louco e alternado,
Transformando o horizonte em um vertical imenso,
Como se fosse Van Gogh que o tivesse pintado!

Luíz Carlos de Almeida

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